sábado, 6 de agosto de 2016

O Materialismo e o próximo Dilúvio

Por David Langness.


O mar do materialismo está em maré alta e todas as nações do mundo estão submersas. ('Abdu'l-Bahá, Divine Philosophy, p. 138)
No sul do planeta, lá na Antárctida onde vivem os pinguins, o gelo está a derreter. Rapidamente.

Na Gronelândia, no norte do planeta, o degelo ainda é mais rápido.

Se o gelo da Antárctida derreter, juntamente com o da Gronelândia, isso irá inundar o mundo, submergindo a maioria das grandes cidades costeiras do mundo.

Porquê? Bem, o gelo é tremendamente espesso na Antárctida - mais de um quilómetro de profundidade na maioria dos lugares. Cerca de setenta por cento - 70% - de água doce do mundo está na massa de gelo da Antárctida.

As coisas funcionam do seguinte modo: a Terra tem duas "camadas de gelo" – dois enormes glaciares de dimensão continental que cobrem grandes massas terrestres. A menor camada de gelo do mundo cobre a maior parte da Gronelândia (1,7 milhões de quilómetros quadrados); a maior camada de gelo cobre a Antárctica (14 milhões de quilómetros quadrados - o tamanho conjunto dos Estados Unidos e do México). Estas duas camadas possuem a maioria (mais de 95%) - da água doce do mundo, congelada naquele gelo azul profundo.

Variação da Massa de Gelo da Antárctica desde 2002
Se tudo derretesse - Antárctica e a Gronelândia – o nível do mar subiria quase 70 metros.

Isto seria uma verdadeira catástrofe global. Iria desalojar grande parte da população mundial, pois cerca de metade dos seres humanos vivem actualmente a uma distância inferior ou igual a 60 quilómetros do mar. Todas as zonas de baixa altitude, áreas costeiras ou próximas dos oceanos seriam inundadas. Três quartos das principais cidades do mundo situam-se junto a um oceano. Então, adeus Nova Iorque, Sydney, Los Angeles, Hong Kong, Xangai, Londres, Calcutá, Banguecoque, Tóquio, Miami, etc, etc. Quer ver como seria o mapa-mundo do pós-gelo? A National Geographic tem um mapa interactivo.

Porque é que eu estou a levantar este tema assustador? Porque um novo estudo muito importante, foi lançado em Fevereiro de 2016 pela Academia Nacional de Ciências dos EUA, concluiu que o nível do mar poderia subir 1 a 2 metros durante este século, fazendo desaparecer cidades costeiras e forçando a deslocação de milhões de refugiados para o interior.

Basicamente, este novo estudo diz que anteriormente subestimámos a velocidade, os efeitos e o impacto das alterações climáticas que provocam a subida do nível do mar. Em vez de levarem séculos a acontecer, o colapso das camadas de gelo do mundo poderá acontecer dentro de algumas décadas.

Os cientistas que realizaram o estudo constataram que uma acentuada subida do nível do mar e inundações vão certamente ocorrer, independentemente do que possa acontecer. Mesmo que reduzíssemos drasticamente a poluição da nossa atmosfera queimando menos combustíveis fósseis, o calor já retido pelos nossos oceanos e atmosfera fará com que o nível do mar aumente e as inundações costeiras se tornem muito mais frequentes. No entanto, se as nações do mundo seguirem os Acordos Internacionais de Paris sobre o clima, e mantiverem o aumento da temperatura global abaixo de 2 graus centígrados, o nível do mar poderia ainda subir entre 20 a 60 centímetros até ao ano 2100. Mas se não formos capazes de cumprir os Acordos de Paris, afirma o estudo, o nível do mar vai subir entre 1 a 3 metros. Isso tornará inabitáveis muitas cidades costeiras. Quem estiver a pensar em comprar uma casa de praia, desista.

O que vai fazer a diferença entre um aumento do nível do mar problemático, mas relativamente seguro de 60 cm e um aumento catastrófico de 3 metros? Numa palavra: consumo.

Esta ampla diferença nos níveis de potenciais subidas do nível do mar que nossos filhos e netos herdarão, dependerá do nosso consumo de combustíveis fósseis, alimentos e bens materiais. Se continuarmos a consumir estas coisas da mesma forma que fizemos no passado, vamos inundar as zonas costeiras do planeta. Se reduzirmos o nosso consumo, através da conversão para fontes de energia renováveis, desperdiçando menos alimentos e usando dietas mais moderadas à base de plantas, e se encontrarmos maneiras de controlar os nossos hábitos materialistas e irresponsáveis enquanto consumidores, ainda temos uma possibilidade de evitar a submersão das grandes cidades do mundo.

Talvez ‘Abdu'l-Bahá tivesse estas condições futuras em mente quando disse: " O mar do materialismo está em maré alta e todas as nações do mundo estão submersas."

Os ensinamentos Bahá’ís, e todas as grandes religiões anteriores, há muito tempo que apelam ao fim desse materialismo:
Todos os Profetas vieram para promover dádivas divinas, para fundar a civilização espiritual e ensinar os princípios de moralidade. Portanto, devemos esforçar-nos com todas as nossas forças para que as influências espirituais possam alcançar a vitória, pois as forças materiais têm atacado a humanidade. O mundo da humanidade está submerso num mar de materialismo. Os raios do Sol da Realidade apenas se vêem vaga e obscuramente através de óculos opacos. (‘Abdu’l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 12)
Assim, neste curta série de ensaios, vamos explorar o que o materialismo tem a ver com a subida do nível dos mares; e como podemos impedir que ambos nos afoguem.

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Texto original: Materialism and the Coming Flood (www.bahaiteachings.org)

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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

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